sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Brasil é 'exemplo para o mundo' no combate à pobreza, diz jornal dos EUA


O sucesso da Bolsa Família e de outras iniciativas brasileiras no combate à pobreza foi tema de uma longa reportagem publicada nesta quinta-feira, de uma série sobre o país feita esta semana pelo jornal americano The Christian Science Monitor.

"Embora a crise financeira global esteja afetando o Brasil, a economia do país teve uma efervescência nos últimos cinco anos e o padrão de vida dos pobres subiu", disse o jornal, explicando que "inflação mais baixa e acesso mais fácil ao crédito - juntamente com um salário mínimo mais alto - criaram uma nova classe de consumidores que mantiveram a economia em crescimento."

"Com o maior programa de bem-estar com condições do mundo para os pobres, e uma enorme quantidade de iniciativas locais, estaduais e federais que continuam a ter como alvo os pobres - um marco da Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva - muitos brasileiros estão sentindo uma estabilidade econômica como nunca antes."

E as iniciativas brasileiras estão servindo de "exemplo" para vários países, diz o jornal americano.

A reportagem, assinada por Sara Miller Llana, visitou Maria Joelma da Silva em Cumaru, no nordeste brasileiro. Segundo o Christian Science Monitor, ela recebeu a visita em agosto de "representantes de Angola, Gana, da União Africana e do Banco Africano de Desenvolvimento", que queriam "estudar os programas sociais do Brasil".

A Bolsa Família "teve um papel importante na redução da pobreza, o governo também trabalhou para criar mais empregos formais - 8,1 milhões mais desde que Lula assumiu o cargo - e elevou o salário mínimo para R$ 415 (US$ 187) por mês a partir de R$ 200 (US$ 90) por mês. O número dos pobres caiu de 18% em 2007 dos 19% do ano anterior. De acordo com dados do governo, a renda dos mais pobres aumentou 22% nos últimos cinco anos, enquanto a dos ricos aumentou 4,9%", disse a reportagem do Christian Science Monitor.

"Os primeiros programas de transferência condicional de dinheiro do mundo foram introduzidos no Brasil em 1995 a nível municipal", de acordo com o jornal americano, que afirma que "o conceito, desde então, tomou pé firme na América Latina, onde mais de uma dúzia de programas como estes foram lançados. Uma outra dúzia está sendo implementada no resto do mundo."

Esquerdista 'moderado'

Em outra reportagem publicada nesta quinta-feira, o jornal compara Lula e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em seu fomento de programas sociais, dizendo que "há uma diferença-chave: enquanto a Venezuela se tornou ainda mais polarizada sob a administração de Chávez, Lula e sua economia efevescente agradaram mais do que apenas aos pobres. Sua popularidade chegou a 80% recentemente".

"Chávez e Lula, embora aliados em uma gama de questões, tomaram rumos diferentes", prossegue o Christian Science Monitor. "Desde que se tornou presidente da Venezuela em 1999, Chávez nacionalizou indústrias-chave. Lula, por outro lado, supreendeu todos ao manter um modelo de mercado que foi forjado por seu predecessor."

Outra marca do estilo de ambos, de acordo com o jornal americano, é em política externa.

"Chávez despejou dinheiro do petróleo em aliados em um esforço para obter apoio político e minar a influência dos Estados Unidos. O papel de Lula no palco internacional tem sido decididamente mais diplomático: Ele se tornou uma das mais importantes vozes nas conversações da Organização Mundial do Comércio para combater subsídios agrícolas em nome das nações em desenvolvimento, por exemplo."

E, além disso, "crucialmente Lula mantém laços estreitos com o presidente Bush, e é visto por alguns como o interlocutor para a região e, mais especificamente, entre os Estados Unidos e Chávez."

Mas apesar de sua influência, "seu poder (do presidente Luiz Inácio Lula da Silva) é silencioso, ele não faz alarde".

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